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​Aldemir Guimarães é autor dos livros "Meu Tempo Nosso Tempo", "Jorginho, o Menino de Ouro" , "A Formiga Solitária" e "O Último em Canto". Sociólogo, formado pela UNIPLAC (Lages-SC), lecionou durante 20 anos no Colégio Militar do Rio de Janeiro, onde coordenou os setores de Filosofia, Sociologia, Geografia e História.

Se aposentou em 2010, e então passou a colocar em prática uma de suas maiores paixões: escrever para crianças e jovens. Apesar disso, também possui projetos voltados para poesia, artigos e crônicas. 

Natural de São Gonçalo/RJ, atuou como repórter da TV Coligadas e Jornal de Santa Catarina, na cidade de Lages, entre 1974 e 1977. No mesmo período, também agiu como correspondente da Cia. Jornalística Caldas Júnior e jornal Correio do Povo, na mesma cidade.

Ingressou no Magistério Federal numa fase em que morou no Estado de Roraima (de 1984 a 1990). lá, também construiu uma história de valorização à cultura e à educação. Foi um dos fundadores da Academia Roraimense de Letras (ARL) e da Associação dos Professores de Roraima (APAIMA).

É membro do Sindicato de Escritores do Estado do Rio de Janeiro, da Associação Niteroiense de Escritores (ANE), da Associação Lageana de Escritores (ALE) e membro-fundador da Delegacia dos Trovadores do Brasil.
 

 

Em 2011 comemorou-se o centenário do Poeta Maior, no mês de outubro, quando todo o Brasil reverenciou o "homem de Itabira"

( pequena cidade do interior de Minas Gerais) Carlos Drumond de Andrade. Aquele que deixou a cidade natal para viver no Rio de Janeiro e inscrever-se no cenário cultural, integrado à paisagem natural e artificial da metrópole que adotou. A expressão do poeta ganhou o mundo, revelando o potencial intelectual que nosso pais possui e a grandeza de nossos escritores.
            Numa tarde ensolarada de verão, do dia 9 de fevereiro de 1981, quando caminhava em direção ao Castelo, no centro da cidade do Rio de Janeiro, atravessando a Rua Araújo Porto Alegre, nas proximidades do Ministério da Educação, avistei vindo em minha direção, o Poeta Maior. Atravessava a avenida, estranho, desconhecido, naquele anonimato popular em meio à multidão. Como um grão de areia, o percebi. Passou por mim, na simplicidade de um homem do povo, não percebendo ninguém como ninguém o percebia.
          
 

DOIS MINUTOS
            No passeio público, naquela hora, o Poeta Maior cresceu ainda mais ao transitar livremente, espontaneamente, desapercebidamente como um transeunte comum que nenhum compromisso tem com o que se passa ao seu redor, embora fosse incomum, porque pude percebê-lo apesar da multidão.
            Ao cruzar o caminho do poeta, sem nenhuma pedra, e reconhecê-lo, parei do outro lado para observar onde ele iria parar. Drumond entrou num prédio ao lado do MEC. Voltei. Cheguei na porta do edifício, e vendo que o poeta estava sentado em um banco de madeira no saguão da portaria, totalmente ignorado, me aproximei e perguntei: - O senhor é o CARLOS DRUMOND ? Então, a resposta foi: - Sim. Insisti: -
O Sr. CARLOS DRUMOND DE ANDRADE ? E ele respondeu: - Sim, sou eu mesmo. Apresentei-me como um leitor-fã do poeta e pedi um autógrafo, enquanto ninguém percebia que eu conversava brevemente com o Poeta Maior, em plena cidade do Rio de Janeiro, num dia útil, às quinze horas, num verão carioca. Como não dispunha de papel para assinatura,  me dirigi ao porteiro do edifício e solicitei uma folha qualquer de rascunho. Como também não havia papel, ainda no período de recessão, o porteiro ofereceu um envelope de correspondência de um banco, talvez de cobrança, devolvida. Foi o suficiente para registrar um encontro com DRUMOND, que ocorreu naturalmente numa entrevista relâmpago. Apenas dois minutos durou o diálogo, porque o poeta aguardava, descansando, para visitar o prédio do Ministério da Educação, onde foi funcionário, inclusive na Assessoria do Ministro Capanema.
            O curto espaço de tempo com o poeta Drumond marcou o prazer de ver reunidas, a sabedoria e a singeleza no gesto poético de ser no mundo. "A festa acabou / o brinquedo quebrou/ mas você não morre José/ você é duro José..."
​
 

            Não poderia deixar de render homenagem aquele que tanto contribuiu para o engrandecimento da nossa cultura, projetando a poesia ao lado dos grandes nomes internacionais. Carlos Drumond de Andrade lembra o estudo literário que retrata o homem em sua amplitude antropológica. Em seu último livro "Boca de Luar", o poeta descreve a vida cotidiana envolvida nos textos criativos. A cultura enlutou-se com a morte de um homem do povo, sem que o povo o percebesse. Mas, em suas obras encontramos os traços de popularidade ocultos pela temática universal do homem do mundo, onde as lições são transmitidas pela razão de ser.

Encontro com o grande poeta

Grande momento do nosso escritor

Poemas.

MEUS 60 ANOS

Não sofro saudade de nada
Faria tudo de novo
Correria na infância
Juntamente com meu povo
​

O conflito é evidente
Entre o espírito jovial
E um físico pendente

Enquanto o corpo lamenta
O espírito experimenta
O que a resistência física
Muitas vezes não aguenta

 

 Aldemir Guimarães

 BRANCA

Quero um tema
de teima
falando de amor
falando que existo
mostrando que sou
homem humano
querendo viver
no mundo das rosas

brancas
brancas
brancas

Sem um pingo vermelho
que sinta receio de me aproximar
pois apesar de ser rosa
não quero rosa
na cor
prefiro rosa flor

Rosa imaculada
branca meu amor
branca minha flor

(A.Guimarães)

 O POSTE

Estranha massa de concreto
sólido
desumano
Alta palmeira plantada
pelo ato humano
As ramificações luzem à noite
E tiram a cidade das trevas
​

​
O cimento rude escora
e ancora veículos sem governo
levando vidas
sem vida
em vida

Para-peito do bêbado angustiado
que repousa aos pés do leito seco
umidecido pelos cães na hora do mijo

​
A árvore sai e dá lugar
ao monumento erguido
na superfície sem raízes
que brota para o futuro

 

(A.Guimarães)

 CANÇÃO DO EXILADO

​Minha terra tinha palmeiras

hoje palmeiras não há
as aves que aqui gorjeavam
já não têm onde gorjear

​
Sabiá foi para longe
em busca de novo lugar
a distância era tanta
que não conseguiu chegar


​

Estranha floresta encontrou
era "pinnus" sim senhor
alimento não havia
e ali ele pousou

​
Mesmo sendo sua terra
sabiá não se encontrou
pois tiraram-lhe as palmeiras
nada mais então restou

 

Aldemir Guimarães

 "​Não sou um escritor mas um servidor da leitura, com o propósito de resgatar o que considero mais sublime na educação de um cidadão, o hábito de ler. Explorando o tempo em que a falta de tempo é temático, elaboro pequenos textos para favorecer a uma leitura dinâmica".

 Aldemir Guimarães



 

Sobre o escritor

Todos os direitos reservados ao escritor Aldemir Guimarães.

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